Millie Bobby Brown sobre crescer sob os holofotes, body-shaming, e o que ela diria para a sua versão mais nova. — via Glamour UK
Millie Bobby Brown está de volta – não que ela sequer tenha saído de cena – e agora, ela está adicionando ‘diretora’ em seu currículo. Hoje, a estrela de Stranger Things conversou com a GLAMOUR pelo Zoom para discutir o seu último projeto: um curta-metragem, expondo os impactos psicológicos de se tornar uma mulher aos olhos do público. Naturalmente, Millie tem o papel principal (adicione ginástica suspensa – sim, é verdade) no filme, mas ela também abraçou a responsabilidade de, você sabe, dirigir tudo – com uma pequena ajuda de seu irmão, Charlie Brown, que filmou tudo num Samsung Galaxy S22. Como parte de sua estreia no mundo da direção, Millie contou com a ajuda de uma atriz de 6 anos de idade, Honey, cuja interpreta uma versão mais nova de Millie – talvez antes das gigantes pressões da fama e feminilidade sendo colocadas sobre seus ombros? Millie contou à GLAMOUR todas as suas motivações ao dirigir o curta, falando conosco diretamente da sua cadeira de cabelo e maquiagem, enquanto se preparava para um dia de filmagens de outro projeto que vem por aí. Certamente foi uma preparação fora do normal – uma hora, ela estava usando uma capa nude na cabeça, noutra hora, seus cabelos loiros estavam trançados elaboradamente em volta da sua cabeça. Não parecia incomodá-la, entretanto – pelo teor de toda a conversa – temos certeza de que nada pode abalar Millie Bobby Brown…
GLAMOUR: Olá, Millie! Parabéns pela sua estreia como diretora! Um dos temas principais do seu curta é a infância e o crescimento. Como foi isso para você, estando sempre sob os olhos do público desde tão nova?
MILLIE: Eu estava definitivamente nervosa porque minha história é complicada e não é como uma infância comum. Tem muita história para contar e eu quero contá-las direito. Então achei que seria importante trazer essa garotinha [Honey] para mostrar como eu era antes da fama e como a enfrentei, assim como quem sou atualmente.
GLAMOUR: Qual conselho você daria para a sua versão mais nova?
MILLIE: Eu diria, aguente firme. Você está embarcando numa louca jornada! Tente e lembre-se de quem você é, e não das pessoas ao seu redor. Pessoas vem e vão na sua vida e elas podem influenciar positiva e negativamente. entenda que a única pessoa cuja você pode contar é consigo, e não se perca nisso. Porque é fácil, na indústria, especialmente quando se é tão jovem. Eu tive uma amostra disso. Sempre quis ser atriz. Sempre quis estar em Stranger Things. essas eram as coisas que eu queria. Mas algumas coisas eu não pedi para acontecerem. algumas das coisas que achei mais difíceis foram as pessoas criticando meu corpo, quem eu sou, o tipo de pessoa que sou… se eu falo demais. Coisas do tipo – eu não pedi por essas coisas. Isso é cyberbullying. E isso era o que eu queria demonstrar através do curta. E também falei com Honey sobre isso, sabe, ela tem seis, mas eu disse, o que você tem agora é tão importante… aproveite cada minuto disso. Porque essas coisas você não recupera. Não é depressivo. É só que essas coisas são difíceis de se ter novamente.
GLAMOUR: Como foi trabalhar com essa pequena versão de você?
MILLIE: Maravilhoso. Honey obviamente é uma pequena atriz incrível e eu vi muito de mim nela quando estávamos no casting. Eu amei a energia dela, a essência. Era muito parecida com a minha quando tinha seis anos. Pensei tipo, qual seria o melhor jeito de realmente contar essa história senão com alguém que lembra tanto a mim mas que também tem o seu jeito único e especial.
GLAMOUR: O que na Honey mais lembra você quando era mais nova?
MILLIE: Ela era tão sorridente, brincalhona e travessa – e eu era muito assim. Eu era muito sapeca. Nós estávamos sempre “subornando” ela, era incrível. Eu subornava ela com McDonald’s o dia inteiro. Ela queria um Mc Lanche Feliz com milkshake, eu a acompanhava. Comemos nuggets e conversamos sobre o Grinch e coisas do tipo. Discussões muito importantes. Era a mesma coisa comigo quando cresci na Indústria. Sempre estava negociando com os diretores e produtores, o que ainda faço. Mas quando era mais nova, eu tinha muito carisma, o que chocava as pessoas. Meus pais meio que sempre me incentivaram a continuar com aquilo e lutar por mim. E eu vi muito daquilo nela. Esse tipo de personalidade vai longe – e é uma nova geração. É incrível ver isso numa pessoa tão jovem.
GLAMOUR: Você aprendeu algo ao reconectar com a sua infância, durante esse processo?
MILLIE: Foi bem terapêutico. Sua versão mais nova é a sua versão mais pura […] e esse curta é sobre essa garotinha na sua forma mais verdadeira: jovem, corajosa, faminta por sucesso, criatividade e curiosidade. E daí todas essas vozes de fora chegam e ela se perde em quem realmente é. Ela não sabe quem é, e ela está tentando descobrir, mas ela não sabe se essas influências estão dizendo-na a verdade ou se ela precisa achar a verdade dentro de si, o que é ainda mais desafiador. E depois, no final, ela descobre que o seu eu interior é sempre o certo. Sua intuição está sempre certa e quem você é sempre habitará por debaixo das suas camadas. Você só precisa tirar um tempo para encontrar. Eu definitivamente aprendi isso. Mesmo durante o processo de criação e filmagem disso, quando me questionei sobre o enredo ou algo do tipo, eu tive que acreditar em mim e o que eu verdadeiramente queria para a história, ao invés do que todos a minha volta me diziam do que achavam que seria bom para o curta. Senti algo tipo, não essa é a minha história e eu que devo conta-la. E eu tive que acreditar no meu eu interior. O instinto sempre influenciou o desenvolvimento da minha personalidade. Eu cheguei no set bem ‘despreparada’. Gosto de me basear no meu instinto. Esse é o trabalho: atuar. E eu gosto de atuar e improvisar no momento e não de fazer lições de casa malucas porque eu sempre encontro a verdade no momento e no presente. Acho que não há melhor lição de casa do que encontrar o presente no agora. Fiz isso com esse curta e o faço em qualquer projeto meu.
GLAMOUR: Na preparação, todas aquelas habilidades com ginastica suspensa foram incríveis! Você usou uma dublê?
MILLIE: Então, eu fiz todo o papel suspenso. Eu amo ginastica suspensa. Sempre foi uma paixão minha porque, chocantemente, eu não gosto de malhar. Sou boa em mecher os músculos da minha face, mas não do meu corpo. Mas acho importante, temos que buscar a saúde e dar ao nosso corpo o que ele precisa. Então acho que aprender essas habilidades suspensas é muito divertido e terapêutico – me dá um tempo do mundo. E você encontra arte nisso. Enquanto eu praticava, eu pensava, deus, essas habilidades representam tanto a feminilidade: tem a força, ambas masculina e feminina, e você pode criar poses e formas que são formas tão diferentes de demonstrar a sua sexualidade. Representa muita coisa: você pode ser grande ou pequeno e mesmo assim ter medo da seda. Você pode ter medo da altura que vai ter de enfrentar. Você pode ter medo do quão baixo está. E isso conta uma história. Durante os ensaios, eu achei que a ginastica suspensa seria perfeita pro filme da Samsung ao representar a feminilidade e tudo o que envolve ao se tornar uma mulher e ser uma garotinha na Indústria. Então sim, todas as habilidades suspensas – foram feitas por mim, e eu amei.
GLAMOUR: A direção é algo que você gostaria de explorar mais no futuro?
MILLIE: Com certeza. E acho que definitvamente precisamos de diretores jovens, mulheres. Tenho 18 – Dirigi esse curta aos 17 – e acho que definitivamente precisamos de mais jovens mulheres por aí que se sintam bem-vindas e apoiadas porque nossa idade realmente não importa. Diretoras jovens são tão importantes quanto às mais velhas. É uma nova geração de pessoas, e nossa expressão precisa ser adaptada a isso. Felizmente a Samsung sempre me apoiou muito, então eu realmente pude fazer isso. E eu quis trazer meu irmão porque ele também é jovem e eu queria usar vozes do tipo na fotografia do curta.
GLAMOUR: Por que foi importante filmar a sua campanha com um smartphone?
MILLIE: É muito importante ter essa possibilidade através dos smartphones. Equipamentos de video são extremamente caros, e é difícil encontrar pessoas para te ajudar. Então, o que pode te ajudar a capturar e criar está bem aí no seu telefone. E foi incrível enxergar essas enormes possibilidades tecnológicas segurando esse pequeno Samsung.
GLAMOUR: Então o que vem aí? Um longa-metragem, dirigido por Millie Bobby Brown?
MILLIE: Só podemos torcer que sim! Eu não acho que chegarei lá [dirigir] tão cedo, mas ter esse gostinho, definitivamente me deixou mais ansiosa por isso. Definitivamente é algo que eu planejo pro futuro, o quanto antes!